O QUE É O COMISE?

O COMISE é o Conselho Missionário do Seminário. Já existe e atua muito bem em algumas dioceses. Precisa se espalhar por todo o Brasil, onde cada vez mais seminaristas (e também formandos e formandas das comunidades religiosas) desejam prevenir-se contra a tentação de restringir sua atenção apostólica aos “quintais” da paróquia, da diocese ou mesmo do país. Pelo batismo, todo cristão é natural e necessariamente missionário. Não há escolha: ou somos missionários, ou não somos discípulos daquele que veio “para que todos tenham vida e a tenham em plenitude” (Jo 10,10).
Por conseguinte, qualquer ação pastoral é uma resposta à vocação missionária digna de respeito e estima, pois “não é a geografia que faz o missionário”, segundo um grande formador de seminário. Dito isto, com a mesma convicção, cabe declarar que a preocupação pela missão ‘além- fronteiras’ tem direito de cidadania dentro de qualquer comunidade cristã, com particular força nas comunidades de formação dos futuros agentes de pastoral. Não para ser mais, nem para ser melhor. Simplesmente para ser. Afinal, a urgência do anúncio da Boa Notícia continua atual como no dia em que Jesus mandou os discípulos ‘ao mundo inteiro’.
Portanto, em toda comunidade, em toda paróquia, diocese, país... devem existir pessoas sensíveis à problemática do mundo, para além das fronteiras da comunidade, paróquia, diocese ou nação. Se acreditamos que somos uma só família, então... As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. Porque a sua comunidade é formada por homens que, reunidos em Cristo, são guiados pelo Espírito Santo na sua peregrinação em demanda do Reino do Pai, e receberam a mensagem da salvação para comunicá-la a todos.
Por esse motivo, a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao gênero humano e à sua história (Gaudium et Spes, 1). Isto significa que, dentro dos vários grupos existentes na comunidade ou na paróquia e diocese (com todas as suas pastorais) deve haver pessoas que “recordem” aos irmãos e irmãs de fé, que os confins da nossa caridade devem superar os limites geográficos da paróquia ou da diocese. Evidentemente, seria melhor se todos os membros da comunidade participassem e promovessem a formação da consciência missionária além-fronteiras... O importante é que cada grupo mantenha vivo o seu carisma e o coloque à disposição dos outros, sem estrelismos, mas também sem omissão.


O COMISE no seminário


Todo “Conselho” é formado por várias pessoas, mas alguém deve dar o primeiro passo. Pode ser o reitor, um dos formadores ou um seminarista que ouviu falar do trabalho missionário e o considerou essencial. Essa pessoa deve partilhar sua idéia com outros membros da comunidade e formar uma equipe. Freqüentemente, os acontecimentos facilitam essa ação. Por exemplo, um padre da diocese está partindo como missionário ao Japão. O seminário não vai convidá-lo a partilhar sua experiência?
Não prepara uma Missa de despedida? Não o leva às salas da catequese e aos grupos em que os seminaristas fazem estágio pastoral? Não vai manter contato com ele e com outros missionários e missionárias da diocese que estão em terras distantes? Certamente vai arranjar seus endereços e fazer uma campanha de mensagens para renovar os vínculos espirituais com eles. Acaso não são eles os enviados de nossas Igrejas, não vão em nosso nome?


Outro ponto de partida:


- a televisão mostrou a tragédia do tsunami do Oriente ou a situação do Sudão, da Somália, no Paquistão ou a guerrilha na Costa do Marfim.
Os seminaristas não vão colocar uma intenção na oração dos fiéis na celebração dominical que animam? Não vão fazer algum gesto de solidariedade? Não vão convidar os doentes que eles visitam nos hospitais ou em casas de família, para que ofereçam seus sofrimentos e angústias em favor do trabalho missionário? Pequenas iniciativas são suficientes para reunir uma equipe, empenhada em manter vivo o interesse missionário em todos os grupos e pastorais.
Não existem regras para a composição do COMISE:
- o importante é ele que tenha objetivos claros e mantenha constante comunicação com todos os seminaristas e as pastorais em que eles estão engajados.
Os membros do COMISE, que deve manter reuniões periódicas, indicam uma diretoria (com a devida aprovação do reitor) a ser avaliada todos os anos. O grupo não precisa se preocupar, pelo menos no início, com a estrutura burocrática. O importante é a constante disseminação da ação missionária. Além disso, o órgão precisa participar das assembléias e outros momentos da vida no seminário.


Objetivos do COMISE:


• informar a comunidade sobre a situação do mundo além-fronteiras (divulgação de revistas missionárias, atualização dos endereços dos missionários da diocese, presença no mural com recortes, cartazes, informes dos principais acontecimentos da vida do mundo e da Igreja...);
• formar a consciência missionária dos seminaristas (pregações, encontros e retiros com tema missionário, convite a missionários e missionárias em trânsito...);
• estimular a colaboração pessoal (escolha missionária além-fronteiras por parte de seminaristas e de jovens com os quais os seminaristas trabalham...);
• promover a cooperação solidária: valorizar a Campanha missionária de outubro, organizar a coleta do Dia Mundial das Missões (penúltimo domingo de outubro), propor iniciativas de socorro a missionários específicos ou a campanhas de solidariedade, promovidas por entidades confiáveis.
Não deve faltar a oferta material pessoal como fruto de sacrifícios livremente assumidos. A experiência do trabalho missionário multiplica a corajosa dedicação aos problemas domésticos.

(Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil [2003-2006]. n.º 138)
Fonte: http://www.pime.org.br/mundoemissao/igreja_brasil_missao.htm